domingo, 28 de fevereiro de 2010

Porque cada Obra-de-Arte é sempre tão peculiar?



Em certas linguagens, podemos perceber traços peculiares do artista onde ele se expõem como que em um auto-retrato, assim como é inevitável olharmos para um quadro e não nos depararmos com uma identidade particular pessoal. São diálogos diferentes (autor e espectador), mas ambos tem sua identidade pessoal.

“Os espelhos estão velados por não suportarmos olhar para eles, e por saber que eles podem projetar vários de nós que não caberiam num só nome, numa só representação”.

Cada olhar voltado para um quadro terá uma leitura diferente; cada momento e cada pensamento terá seu tempo, porque depois, este sofrerá mutação: o tempo/espaço está sempre em mutação.
A representação de uma obra está totamente baseada na personalidade do artista, apartir da subjetividade proposta naquele momento e lugar, e de tudo aquilo que o circula e o influencia diretamente.

São diversas as formas de olhar a obra de arte: a análise crítica pode ser formalista, iconológica, estruturalista, sociológica. A percepção do apreciador pode estar ligada à empatia estética, à compreensão artística, ao fascínio estético ao pode chegar à transcendência estética. O fato de o artista ter a necessidade de se expor em suas obras entra nessa lógica funcional e indireta, onde seu reflexo ali é tão real e pessoal quanto ao de um observador. A psicologia, mais particularmente a psicanálise, tem uma leitura singular da arte, e dá mais ênfase ao artista e ao apreciador do que à obra em si. É notório que determinadas formações inconscientes encontradas em obras de arte são dependentes da subjetividade do artista.
A arte, sendo uma produção complexa, merece diversas abordagens. A vertente que será priorizada no momento é a que propõe uma interpretação subjetiva com base nos princípios psicanalíticos para o entendimento das necessidades inconscientes do autor da obra e de quem se dispõe a apreciá-la. Além dos aspectos formais e estéticos que a arte traz em si, tão discutidos ao longo da história da arte, é importante ressaltar o aspecto individual, particular do sujeito com a obra que produz. Mas sabe ele, artista, que é justamente a sua produção que o mantém sob controle e o impede de não sair da realidade ali presente, que na verdade é tão subjetivo quanto sua mente.


Desenho:
sem título
lápis grafite 6B, 2004

Renata Richter

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