domingo, 28 de fevereiro de 2010

Uma insólita viagem à subjetividade - Fronteiras com a ética e a cultura

Trata-se de uma viagem às regiões fronteiriças com a ética e a cultura onde é convocado, do olho, uma certa potencialidade que qualificada de “vibrátil”, fazendo com que o olho seja tocado pela força daquilo tudo possa ver. Para compreender, é necessário a refinação da vibratibilidade do olho, tornando possível a emersão profunda dos cenários captados.
É necessário imaginar e visualizar uma dobra material, da qual surgem as formas influenciadas e influenciáveis. A subjetividade é mutável, determinada por aquele meio em que se está presente e que o corpo vibrátil absorve.
“[...] podemos falar num dentro e num fora da subjetividade: o movimento de forças é o fora de todo e qualquer dentro, pois ele faz com que cada figura saia de si mesma e se torne outra.”
O “fora” é um sempre outro do “dentro”. A compreensão desse esquema baseia-se na sensibilidade da apreensão daquilo tudo existente, numa vida sociável e no sistema geral que o compõem; que influencia o corpo. O “fora” é o plano das forças, onde as formas são ilimitadas. O “dentro” é onde se concretiza ou especializa os territórios de existência sempre finitas.
Ambos dependem e são constituídos de cartografias (musicais, visuais, cinematográficas, teatrais, arquitetônicas, literárias, filosóficas, etc.) do ambiente sensível instaurado pelo novo diagrama, como guias que ajudam entender suas desconhecidas paisagens. Não há subjetividade sem uma cartografia cultural, e vice-versa.
“Tais cartografias ficam à disposição do coletivo afetado por
este ambiente, como guias que ajudam a circular por suas desconhecidas paisagens.”

“Através deste recalcamento da vibratibilidade da pele, ou seja, dos efeitos do fora no corpo, ele tem a ilusão de desacelerar o processo. Mas como é impossível impedir a
formação de diagramas de força, o estado de estranhamento que tais diagramas
provocam acaba se reinstaurando em sua subjetividade apesar da anestesia. Este
homem se vê então obrigado a consumir algum tipo de droga se quiser manter a
miragem de uma suposta identidade. Algumas são suas opções.”

Suely Rolnik, adaptado.

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